O fogo tinha começado no local onde estava o presépio dia 25/12. "Vieram--me chamar aos gritos para abrir a porta da igreja, mas tivemos de entrar pela sacristia porque pela porta principal havia fumo muito denso e não se conseguia ver nada", contou ao CM José Carlos Felgueiras, membro da comissão fabriqueira, ainda abalado pela "tragédia" que se abateu no templo religioso. "Às seis da tarde houve missa e as luzes do presépio ficaram ligadas. Presumo que tivesse havido um curto-circuito e que o material inflamável do presépio tradicional tivesse ajudado a alastrar o fogo", explicou o responsável.
A rápida resposta dos habitantes da aldeia na luta contra as chamas evitou o pior, mas as labaredas consumiram totalmente um dos quatro altares da igreja, destruindo o equipamento sonoro, as imagens de São José, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o presépio.
O fumo deixou também pintadas de negro as paredes da igreja e ainda provocou alguns estragos no telhado do edifício. "Estimamos que seja um prejuízo na ordem dos 40 mil euros", disse José Carlos Felgueiras, lembrando que há oito anos a igreja foi sujeita a obras de restauro, que custaram cerca de 65 mil euros.
PÁROCO ALERTA PARA OS PERIGOS
O pároco da Igreja de São Martinho do Peso estava visivelmente abalado com o sucedido. Embora este tipo de incidentes não seja muito frequente, o padre lembra que o sobreaquecimento ou mau funcionamento das luzes de Natal podem ter consequências terríveis, como foi o que aconteceu na sua paróquia.
"Nada previa que isto fosse acontecer, mas infelizmente a igreja ficou parcialmente destruída. E, por infeliz coincidência, aconteceu na noite de Natal", lamenta o padre Virgílio Marques. "Tenho alertado durante as missas para os cuidados a ter com as luzes de Natal, a falta de vigilância pode ser fatal", acrescenta. Apesar dos danos consideráveis, o pároco da freguesia transmontana lembra que ainda assim podia ser bem pior: "O incêndio aconteceu ao início da noite, mas se fosse de madrugada, a igreja decerto que tinha ardido completamente, porque ninguém teria dado por nada", assegura.
"QUANDO VI AS CHAMAS ATÉ ME SENTI MAL"
Maria da Luz mora nas redondezas e cuida da igreja todo o ano. "Quando vi as chamas dentro da igreja, até me senti mal. Foi o fumo e a aflição que me tomaram de assalto. Apanhei um susto muito grande", explica.
A paroquiana garante que a experiência foi traumática. "Ver o altar e as imagens a arder foi horrível, só pensava em atirar com baldes de água, mas não conseguíamos evitar a destruição. O templo ficou em muito mau estado, foi uma tristeza ver a nossa igreja destruída", afirma.
O sentimento de desolação era extensível a todos os habitantes das imediações. Tristes com a destruição do templo, muitos fizeram questão de ontem visitar a igreja para verificar a dimensão dos prejuízos sofridos.
Fonte:Correio da manhã
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