O incêndio que destruiu o Centro Cultural do Liceu de Artes de Ofícios de São Paulo, pode ter começado por causa de um curto-circuito na parte elétrica, disse o coordenador da Defesa Civil da cidade de São Paulo, Jair Paca de Lima. Segundo ele, pessoas que trabalham no Liceu disseram ter visto um curto-circuito. “Mas somente a Polícia Técnica Científica poderá avaliar o que aconteceu de fato”, disse.
Durante o incêndio, parte do acervo que incluía réplicas em escala natural de esculturas clássicas foi perdida. Paca de Lima informou ainda que duas salas do prédio anexo ao centro, onde funciona a escola Liceu, foram atingidas, mas sem comprometer a estrutura do local. “Parte do telhado dessas duas salas foi atingida e, como o prédio é um anexo da escola, a parte lateral e vidros dessas salas também foram afetadas”.
Todo o local onde funcionava o Centro Cultural foi interditado por estar totalmente destruído. Segundo Paca de Lima, há telhas soltas porque havia um duplo telhado ali. O muro da rua também será interditado pois há risco de cair. “Já o portão não tem problema pois as trincas e rachaduras que notamos são antigas”.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas. A Polícia Técnica Científica deve ir ao local ainda hoje (4) para começar a investigar as causas do incêndio. As chamas começaram por volta da 1h e 21 viaturas do Corpo de Bombeiros foram enviadas para combater o incêndio. No início da manhã, o fogo estava controlado e os bombeiros faziam o trabalho de rescaldo.
O Centro Cultural – na Rua da Cantareira, 1.351, no bairro Bom Retiro, região central da capital paulista – funcionava num prédio anexo à escola Liceu. O estabelecimento publicou um comunicado no seu site informando que o prédio da escola não foi atingindo. Porém, as aulas foram suspensas hoje.
A direção não quis falar com a imprensa, alegando estar abalada com o acidente. A instituição também não divulgou um balanço sobre os danos causados ao imóvel e às obras.
O Liceu foi fundado em 1873 e tornou-se referência na cidade como escola de ensino técnico profissionalizante e de formação geral. No início do século 20, o engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo assumiu a direção do Liceu e seu escritório contratou obras para serem executadas por artesãos e alunos.
De acordo com informações do site do Liceu, em 1905 o centro começou a comercializar seus produtos, já que estava sendo bem reconhecido por seus trabalhos em marcenaria, serralheria e esculturas em madeira. O valor arrecadado com as vendas servia como fonte de recursos para manutenção de cursos gratuitos. Em 1930, o Liceu desenvolveu e fabricou o primeiro hidrômetro (instrumento usado para medir a velocidade ou o escoamento da água) inteiramente nacional.
Entre as obras mais famosas produzidas pela instituição estão portais em madeira da Catedral de São Paulo, um monumento a Duque de Caxias e esquadrias metálicas do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Fonte: JB 04/02
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