Um incêndio destruiu completamente ontem uma loja de material de pesca e acampamento na Avenida Paraná, no Centro de Belo Horizonte, um dos locais mais movimentados na cidade. O quarteirão entre as ruas dos Tamóios e Carijós, bem em frente as novas estações do BRT, foi isolado pela Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros e as 14 lojas do local tiveram de baixar as portas. Os imóveis da Rua Curitiba, paralela à Paraná, também foram evacuados. Cordões de isolamento impediram a passagem de curiosos, que lotaram as vias do entorno. Não houve feridos.
O fogo começou por volta das 16h50 e foi controlado quase duas horas depois. Ainda não se sabe as causas do incêndio, mas representantes da loja Rei da Pesca acreditam que tenha sido provocado por um curto-circuito. De acordo com os bombeiros, apenas a perícia da Polícia Civil poderá esclarecer os motivos. O comerciante Túlio César Chiari, dono da loja ao lado, contou que quando os funcionários saíram ao sentir a fumaça, viram o fogo nos fundos do Rei da Pesca, numa escada de acesso ao segundo pavimento. “As chamas não se alastraram rapidamente para fora, ficaram no interior da loja e acredito que, no segundo andar, tiveram contato com algum material inflamável, que facilitou a propagação”, relatou.
O policial Rodolfo Brayer Meireles Figueiredo, da 6ª Companhia do 1º Batalhão, foi um dos primeiros a atender a ocorrência. Ele contou que, imediatamente, os quatro militares que fazem o patrulhamento da área mais guardas municipais trataram de evacuar a área. “Começamos a pedir apoio porque era muita gente passando na rua. Além disso, não conseguíamos ver nem um metro à frente, pois a fumaça era muito escura”, disse.
O soldado afirmou que a maior dificuldade foi dispersar a multidão. “As pessoas queriam chegar mais perto para fotografar e filmar com celulares. Era um risco grande e as pessoas estavam sem qualquer noção do que ocorria”, disse. Com 25 anos de idade e três de profissão, ele afirmou que essa foi a situação mais inusitada pela qual passou. Brayer chegou até mesmo a parar três ônibus lotados que passavam pela avenida e obrigou os passageiros a descer por causa das explosões que começaram a ser ouvidas. Inicialmente, os militares pensaram se tratar de estouros de munição, o que foi negado pelo representante do Rei da Pesca.
“A empresa não tem autorização para trabalhar com pólvora, arma e munição. Vendemos exclusivamente material de pesca e camping”, esclareceu o representante da Rei da Pesca, Júlio Lucas de Almeida. Ele acredita que as explosões tenham sido dos botijões de gás descartáveis, de 200 gramas, usados em acampamento. Para ele, que estava fora no momento do incêndio e foi avisado por telefone por funcionários, pode ter havido um curto-circuito.
CONTROLE O combate às chamas foi feito inicialmente pelos próprios funcionários até a chegada dos bombeiros. Foram usados mais de 15 mil litros d’água e empenhadas seis viaturas e 23 militares. Entre os veículos, estavam uma autobomba plataforma escada, que atinge uma altura de 54 metros. “A grande quantidade de fumaça escura e o calor excessivo dificultaram os trabalhos”, afirmou o aspirante Josué Soares da Silva Neto, do 1º Batalhão dos Bombeiros. Segundo ele, o incêndio se concentrou no interior da loja.
Durante todo o tempo, os estabelecimentos do entorno foram monitorados. As grandes preocupações eram uma loja de departamento, com uma grande quantidade de roupas, e uma outra loja de venda de material de pesca, armas e munição, ambas ao lado do local incendiado.
Dono de uma papelaria, Almir Cruz Filho, de 61 anos, tinha saído para comprar lanche para os funcionários quando, na volta, foi parado, ainda na calçada pelos funcionários assustados. A mulher dele, a também comerciante Maria do Rosário Coelho Cruz, de 62, contou que a loja estava cheia de clientes comprando material escolar. “Um policial pediu para todos saírem. Descemos correndo, clientes deixaram a mercadoria nos balcões e muitos de nós deixamos até bolsa para trás. Tivemos tempo apenas de fechar a porta. Era muita fumaça dentro da loja e um cheiro muito forte. Não sabemos se algo foi danificado. Não teve gritaria, mas foi um horror”, relatou
Fonte: Em.com.br 04/02.
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