A discussão sobre o uso do cerol nas linhas de pipas foi intensa neste ano, mas não é só essa mistura de vidro triturado com cola que pode tornar a brincadeira perigosa. Pipas e eletricidade também não combinam. Na tarde de 27/12, no Jardim Calegari, no limite de Hortolândia com Sumaré-SP, o estudante Nadir Francisco da Silva, de 10 anos, morreu eletrocutado quando tentava recuperar uma pipa que estava presa nos fios.
O acidente ocorreu por volta das 17h, na Rua Um, em frente à casa do garoto. No momento em que recebeu a descarga elétrica, o menino gritou por socorro e tentou ser salvo pela mãe, que também acabou levando um choque. Nadir ainda foi socorrido com vida, mas morreu quando chegou ao hospital.
A mãe, Benedita dos Santos, disse que estava fazendo café quando ouviu os gritos de socorro do filho e saiu correndo de casa para tentar acudi-lo. “Quando peguei meu filho pelo braço, levei um choque forte que me jogou para trás. Por sorte, não caí”, disse Benedita, que está grávida.
O pai do garoto, Amaro Francisco da Silva, que dormia no momento do acidente, foi chamado, mas nada pôde fazer, a não ser esperar por socorro. “As crianças sempre brincam com pipa. Soltam pipa todo dia. Ninguém ia imaginar uma coisa dessas”, disse o pai.
Benedita contou que na hora ficou tão nervosa que nem reparou se o filho estava com alguma linha na mão ou alguma pipa. Mas afirmou que o garoto estava descalço no momento do acidente e com os pés dentro de uma poça de água. “Acho que foi por isso que ele levou o choque”, afirmou. “Espero que sirva de exemplo para as outras crianças.”
Nadir era o filho do meio de uma família de oito irmãos e morava com os pais numa casa pequena, em uma das áreas mais pobres de Hortolândia. Os vizinhos não souberam dizer ao certo como ocorreu o acidente, mas afirmaram que a pipa já havia sido recuperada. “A pipa já estava solta, mas ele tentava recuperar a linha dos fios”, disse um colega de Nadir. O garoto foi enterrado ontem às 16h no Cemitério Municipal de Hortolândia, no Jardim Nova Europa.
Esse foi o segundo caso de morte neste ano por descarga elétrica envolvendo pipas, registrado na Região Metropolitana de Campinas (RMC). A primeira vítima foi Gustavo Henrique José da Silva, de 9 anos, que teve 40% do corpo queimado, em Santa Bárbara d’Oeste, em setembro. O menino foi internado em um hospital em São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dez dias depois do acidente. No caso de Gustavo, havia suspeita do uso de cerol com pó de ferro, que provavelmente teria causado a descarga elétrica.
Fonte: Paulinia News
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