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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Eletrocutados no canteiro de obras

O descuido de quatro pedreiros durante o manuseio de um andaime de aproximadamente 15 m de altura terminou em tragédia, na manhã de ontem. Três deles morreram eletrocutados ao arrastarem a estrutura que encostou na rede elétrica da Cemig.
As vítimas trabalhavam na construção da sede de uma empresa de suprimentos industriais na MG-424, em Pedro Leopoldo, região metropolitana da capital.
Os operários receberam uma descarga de até 13.800 volts. Segundo o Corpo de Bombeiros, morreram na hora Adriano Henrique de Oliveira, de 28 anos, e os cunhados José Zildo Vicente, de 43, e José Aurélio Tomás, de 48. Já Cristiano Henrique Vieira da Cruz, de 39 anos, foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, onde permanecia internado em estado grave até o fechamento desta edição. O hospital informou que ele sofreu queimaduras generalizadas por todo o corpo e respira com a ajuda de aparelhos.
Os operários pegaram o andaime no local onde era feita a montagem de uma estrutura metálica. De acordo com o soldado Fábio Queiroz, do 36º BPM, eles trabalhavam na parte de alvenaria ao lado e não precisavam do andaime. "Havia somente os quatro no local. Ninguém sabe o motivo que fez com que eles arrastassem o andaime", afirmou o policial.
Os técnicos da Cemig que estiveram no local informaram que a empresa responsável pela obra deveria ter solicitado à companhia energética a remoção dos fios de alta tensão, que ficam muito próximos da estrutura metálica que está sendo erguida. No entanto, eles não souberam confirmar se isso foi feito.
Representantes da empresa que contratou os pedreiros estiveram no local, mas não quiseram falar com a reportagem.
A Polícia Civil vai investigar o acidente.
Para os parentes dos pedreiros, o acidente de trabalho foi um tragédia. Segundo o motorista Wander Souza Valadares, de 39 anos, cunhado de José Aurélio Tomaz, ele e José Zildo Vicente estavam felizes pelo trabalho.
Valadares disse que Zildo estava na obra há um ano e tinha carteira assinada, enquanto Aurélio trabalhava no local há cerca de 8 meses. Entretanto, o motorista não soube afirmar se Aurélio era contratado.
"Zildo sempre trabalhou como pedreiro e era experiente. Aurélio é que trabalhava com outros serviços gerais, mas estava ajudando”, contou Valadares.
Ele disse ainda que as vítimas eram moradoras de Confins, na região metropolitana da capital, e a família está arrasada. De acordo com Valadares, os dois eram casados. Aurélio tinha três filhos e Zildo, dois.
“Eles eram pessoas muito boas e tranqüilas. Estamos todos muito chocados com o que aconteceu”, lamentou. O motorista informou que, por sofrer de problemas de pressão, a mulher de Zildo teve que ser levada a um hospital após receber a notícia.
Wander Valadares disse não conhecer o outro pedreiro que morreu. (RR)
Uma equipe de auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE-MG) esteve no local da tragédia, em Pedro Leopoldo.
Conforme o chefe da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador da SRTE-MG, Ricardo Deusdará, os auditores encontraram o ambiente do acidente descaracterizado.
“A torre metálica, provavelmente envolvida no acidente, havia sido retirada do local. Essa atitude prejudica a apuração dos fatos”, ressaltou Ricardo Deusdará.
De acordo com o chefe da SRTE-MG, o laudo sobre as causas do acidente deverá ser concluído em um prazo de 30 dias.
A cena era chocante. Os corpos dos operários ficaram bastante queimados devido à forte descarga elétrica que sofreram.
O tenente Cristiano Magalhães Silva, do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, disse que, provavelmente, os três pedreiros que morreram arrastavam o andaime pela parte interna. Já o sobrevivente estaria mais afastado no momento da descarga.
“Não havia nada que pudesse impedir que eles fossem eletrocutados naquela situação”, afirmou o tenente Cristiano Silva.
Segundo ele, os operários usavam capacete e botas de borracha, incapazes de conter a energia descarregada.
De acordo com o bombeiro, quando ele chegou ao local do acidente, o sobrevivente já estava sendo socorrido por uma ambulância de uma empresa, que fica próxima à área onde aconteceu a tragédia.
“Com uma corda, nós arredamos o andaime e tiramos ele do contato da rede elétrica, pois havia a possibilidade de novas descargas. Foi um trabalho rápido”, afirmou o bombeiro.
Técnicos da Cemig que estiveram no local informaram que o fornecimento de energia caiu devido ao acidente e seria restabelecido após o trabalho da polícia. (RR)
Fonte: otempo.com.br - 18/12/2008

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