Os eletricitários de Minas Gerais continuam em mobilização intensa em prol do acordo coletivo de trabalho. Ontem(23/11) foi realizada a quarta reunião de negociação, mas até o fechamento desta matéria a reunião entre a juíza do Tribunal Regional do Trabalho, Emília Facchini, representantes da Cemig e dos eletricitários não havia terminado.
Assembleias promovidas pelo Sindicato Intermunicipal dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG), que estavam previstas para ontem, foram adiadas, provavelmente para esta quarta-feira, dependendo do resultado da reunião.
Segundo o secretário de relações institucionais do Sindieletro-MG, Edgar Gomes Júnior, a greve é fruto da insatisfação acumulada pelos eletricitários nos últimos anos com um plano de cargos e remuneração que não funciona e é usado de forma indevida para pressionar o trabalhador, com a distribuição injusta dos lucros e a periculosidade paga abaixo do que determina o Tribunal Superior do Trabalho e do que a própria Cemig pratica em outras empresas do grupo.
Gomes Júnior diz que os principais itens da pauta de reivindicação são o fim da terceirização, já que na Cemig são cerca de 8.600 empregados próprios e quase 11 mil terceirizados, para atividades fim e de conservação, número considerado alto. Ele lembra que o sindicato e o Ministério Público estão com processo tramitando na Justiça pedindo o fim da terceirização e concurso público para contratação de funcionários para as atividades fins. Dentre estes cargos estão os que trabalham no atendimento nas agências, ao consumidor e trabalhadores de usina, que por lei não podem ser terceirizados, mas são.
“A Cemig está protelando esta situação e protelando na justiça. A partir do momento que ela perder, será obrigada a contratar. O cálculo que temos é que a Cemig terá de contratar, via concurso, 15 mil empregados para cobrir a atividade fim. O problema da terceirização é a condição de trabalho destas pessoas que é ruim. Fizemos estudos, desde quando começou o trabalho mais agressivo de terceirização, e detectamos que a cada 45 dias acontece a morte de trabalhador terceirizado, enquanto do trabalhador concursado é uma no ano”, diz o secretário.
O secretário revela que na tarde de ontem houve mais uma morte, quando o terceirizado Marcelo Pinto Rabelo, 30 anos, prestava serviços para a empresa Eletro Pedro, em Paracatu, quando foi eletrocutado. Um outro trabalhador terceirizado também ficou ferido no acidente e está em estado grave num hospital da região. Só este ano foram oito acidentes fatais, sendo sete com funcionários de empreiteiras e um com trabalhador próprio da Cemig.
Morte – Ainda segundo ele, este fato está ligado a condições de trabalho, a falta de treinamento destes trabalhadores. Ressalta que os terceirizados recebem por produção e a jornada de trabalho fica entre 12 a 14 horas por dia, quando o certo seriam 8 horas, o que os expõe a risco de choque elétrico e morte. “São trabalhadores de alto risco, que é a eletricidade. O salário deles é baixo e para melhorar recebem por produção. Se trabalham em condições legais terão salário básico em torno de R$ 700, mais o adicional de periculosidade. Para chegar a R$ 1.500 têm de fazer muita hora extra. O problema é o risco de acidentes.”
Ainda sobre a pauta de reivindicações, lembra que tinham 32 itens, mas quando a Cemig colocou a negociação em dissídio reduziram para nove itens. Além do fim da terceirização está o assédio moral, pedindo que a empresa inclua no acordo o fim deste assédio, a exemplo do acordo coletivo dos bancários, que incluiu a condição de tratar a condição de assédio moral. Tanto que existem vários processos contra assédio moral correndo na justiça contra a Cemig, informa Edgar Gomes.
Outra questão é a política de dividendos, que atualmente é uma política agressiva. “A Cemig atrai acionistas, não por ter a melhor energia do Brasil ou pela propaganda. É pela rentabilidade, já que são especuladores. A participação no lucro começou em 95 e no início era distribuída de forma linear. Porém agora é para beneficiar os altos cargos da empresa como forma de ter uma política de metas, e a participação dos lucros é utilizada para beneficiar como prêmio. Nestas metas, os gerentes têm de conseguir, por exemplo, corte de custo, economia com pessoal, corte em manutenção de redes e distribuição. Por isso acontece disparidade grande e o eletricista, que trabalha no campo e ajuda nos lucros recebe até mais de dez vezes menos que gerentes e os 49 superintendentes. Queremos que a participação de lucros seja igual para todos. Entendemos que os gerentes e superintendentes já ganham a mais o ano todo e a participação no lucro é uma forma de beneficiar todos de forma linear, porque todos participam do lucro da empresa”, diz.
Outra reivindicação é correção da inflação, aumento real de 6,9%, que é “baseado no crescimento do fornecimento de energia pela quantidade de empregados, e temos”.
Fonte:Jornal de Uberaba
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