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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Em 15 dias, quatro pessoas tomam choque elétrico

Aos 25 anos, Carina Michelacci Spezzotto teve sua vida interrompida de uma forma até então inimaginável. No dia 30 de março, ela abaixou-se para pegar algum objeto que estava sob a geladeira de sua cozinha e foi surpreendida com uma forte descarga elétrica. O socorro tentou, por 35 minutos, reanimar a vítima, mas sem sucesso.
O caso engrossa a lista de 167 pessoas que morreram eletrocutadas no Estado de São Paulo, conforme o último balanço feito em 2010. O saldo equivale a uma morte a cada dois dias. Em Sorocaba, o choque elétrico fez, em 15 dias, pelo menos quatro vítimas.
O último caso aconteceu no sábado passado. Dois trabalhadores sofreram uma descarga elétrica de 13 mil volts e tiveram queimaduras nas mãos, braços, pernas e pés. Eles permanecem internados na ala de queimados no Hospital Regional, onde são atendidos casos do gênero.
Os trabalhadores estavam fazendo a manutenção de um outdoor. Um deles estava em cima da escada - que encostou na fiação, enquanto o outro segurava. Ambos receberam a descarga elétrica.
Estado de choque/ Segundo o perfil descrito pela Secretaria do Estado de Saúde, as principais vítimas de choque elétrico são homens adultos e que trabalham em áreas da eletricidade. Um exemplo é o sorocabano Davilson Roberto Cunha Mantovani, 28 anos, mecânico de manutenção que em dezembro de 2007 recebeu uma descarga de 16 mil volts.
Era antevéspera de Natal e o mecânico foi chamado para fazer a manutenção de uma das máquinas industriais. Um fio, porém, estava desprotegido.
O trabalhador conta que sua vista escureceu, o corpo ficou paralisado e voou para outra máquina. “Eu poderia ter caído de uma altura de quatro metros. O impacto foi tão grande que arranquei o parapeito da máquina”, lembra.
O choque rasgou a calça jeans de Davilson. Como a eletricidade sai pelas extremidades do corpo, a ponta dos dedos das mãos e dos pés do mecânico ficaram com furos, como se tivessem sido feitos com agulha. Davilson admite que após o acidente, zela pela segurança até mesmo em tarefas simples, como trocar uma lâmpada.
Fatal/O choque elétrico pode levar a morte por que a corrente de energia chega ao coração e em outros órgãos. “O coração depende de estímulo, quando a corrente elétrica chega ao órgão ocorre um curto-circuito e ele sofre arritmia ou parada, levando a morte”, conclui o supervisor médico do Grau (Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências), Gustavo Feriani.

Saiba como evitar o choque dentro de casa ou no trabalho
Especialista dá dicas simples. Ala de queimados de Sorocaba atendeu mais de 100 pacientes nos últimos três anos

Segundo a Secretaria do Estado de Saúde, em três anos, 105 pacientes chegaram à ala de queimados do Hospital Regional devido choque elétrico.
O supervisor médico do Grau (Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências), Gustavo Feriani, ensina como se prevenir desse tipo de acidente dentro de casa. “Qualquer eletrodoméstico em atividade representa risco. Fazer chapinha dentro do banheiro é perigoso, pois se o fio encostar na água, se a pessoa estiver descalça ou com o corpo úmido haverá curto-circuito”, lembra.
Por isso é importante sempre estar calçando sapato emborrachado para evitar o fio terra.
As tomadas têm de estar com proteção para que as crianças não coloquem o dedo. Trocar a lâmpada queimada parece ser uma tarefa fácil. É importante lembrar que deve-se desligar a chave de energia da residência.
A CPFL Energia ressalta que antenas de rádio e televisor devem permanecer longe dos fios da rede elétrica. Somente com tempo bom instale, desligue ou remova as antenas.
Além da maioria das vítimas ser homem, trabalhador da construção civil, em fase adulta, os meninos também fazem parte da estatística da secretaria. “São suscetíveis por empinar pipa, sofrendo descarga se o brinquedo enroscar na energia.”
Tratamento/A queimadura elétrica é considera grave e deve ser tratada em setor especializado, como a ala de queimados do Hospital Regional.“A pele é um órgão resistente, mas a corrente passa sem dificuldade onde há mais líquido no corpo, podendo afetar músculo, nervos e vasos”, explica Gustavo. As lesões da queimadura pode levar até a perda de movimento ou amputação do membro.
Quase que nem água
A eletricidade não faz barulho, não tem cheiro, não tem cor e não se vê.
91%
é o crescimento do número de internações nos últimos quatro anos no estado

No Estado
Em 2008, foram 642 registros de hospitalização. Em 2009 houve 1.004 internações e, em 2010, 1.031 hospitalizações.
Terceira do ranking
Os casos de internações na região de Sorocaba ficam atrás apenas de Piracicaba e da capital.
Priorize a segurança
Vida em primeiro lugar
Construções, reformas e serviços de reparos em casas e prédios são uma das principais causas de acidentes com eletricidade.
Construção civil
Se a obra ou paredes e sacadas ficarem próximas da rede elétrica, a CPFL deve ser chamada.
Material metálico
Ao manusear vergalhões de ferro, arames e réguas de alumínio tome cuidado para que nada toque nos fios.
Distância
Mantenha uma distância segura da rede quando for pintar fachadas, trabalhar em andaimes e instalar painéis e luminosos.
Vida em primeiro lugar
Trabalhe com muita atenção e sem pressa e não improvise.
Brincadeiras
As crianças devem empinar pipa em lugares abertos e livres da rede.
Perigo
A linha pode conduzir eletricidade e a brincadeira será fatal.
Cuidados
A linha com cerol pode cortar os fios provocando curto-circuito e dê preferências às pipas sem rabiola.
Fonte: DIário de SP 16/04

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