O proprietário da chácara onde o menino Fabrício Nunes Silva Júnior, de 13 anos, morreu eletrocutado ao passar por uma cerca de arame poderá responder criminalmente pela morte do adolescente. A tragédia aconteceu no sábado passado, 28 de março, em uma pequena propriedade rural que fica no Bairro Vivendas do Parque, na região leste de Campo Grande. O delegado responsável pelas investigações Sérgio Luiz Duarte, da 4ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, explica que o homem ainda não compareceu para prestar esclarecimentos. Ele poderá responder por homicídio culposo (sem intenção de matar) com base em negligência ou ainda por homicídio doloso, caso a polícia conclua que ele assumiu o risco de matar alguém quando eletrificou a cerca sem observar qualquer norma de segurança. “Houve uma morte, alguém vai ser responsabilizado. Porém, ainda não sabemos se será por homicídio culposo, ou por dolo eventual. Tudo dependerá do que as investigações vão apontar daqui pra frente”, explica o delegado. Além de estar intimando testemunhas, Sérgio Luiz aguarda ainda os laudos do Instituto Criminal (IC) e do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL). O documento do IC é que vai apontar a voltagem de energia que matou o adolescente. O menino morreu quando tentava passar pela cerca para tomar água em uma torneira que fica do lado de fora da casa. Sem saber que havia corrente elétrica nos arames tocou em um deles para tentar atravessar e ficou grudado na cerca. Junto com ele, estava um menino de 11 anos que percebeu o que estava acontecendo e chutou Fabrício até que ele se desprendeu do arame. “Foi só por isso que ele não pegou fogo”, acredita a mãe do menino de 11 anos, a doméstica Luzinete de Souza, 26 anos. O garoto, aliás, será a primeira testemunha a depor na 4ª Delegacia. Segundo Luzinete, naquela tarde, as crianças empinavam pipa em uma área de pastagem, como fazem frequentemente. Fabrício vinha de um córrego que fica atrás do Residencial Oiti quando encontrou os outros meninos e atravessou o pasto para ir tomar água na propriedade. A mulher diz que não sabia que havia eletricidade no local e acredita que as crianças também não soubessem. Para ela, a presença de gado bovino nas pastagens pode ter levado o proprietário a usar a eletricidade. Segundo a polícia, a cerca foi eletrificada no improviso. Situação que se pode constatar logo na entrada na chácara. Os fios de eletricidade saem da casa e seguem até uma caixa de alumínio perto do portão. A corrente elétrica é repassada à cerca através de um pedaço de arame que toca nos demais. Não há qualquer placa de aviso sobre a eletrificação da cerca. Conforme moradores da região, após a tragédia do fim de semana, correram boatos de que outras cercas que cortam as pastagens também estariam eletrificadas de improviso. Porém, proprietários teriam se apressado em desligar logo depois da morte do adolescente. Responsabilidades – O dono da chácara esteve no local no dia da fatalidade e depois não voltou mais, segundo vizinhos. Hoje à tarde, não havia ninguém na propriedade. A polícia ainda não tem a identidade completa dele, mas já tem as placas do veículo no qual ele chegou à propriedade no sábado passado logo após a morte da criança. A ideia é tomar o depoimento dele o quanto antes. Conforme o delegado, existem equipamentos para eletrificação rural de baixa voltagem que afastam os animais apenas com impulsos elétricos não contínuos, sem representar riscos de danos maiores. Estes, segundo ele, é que são ideais para evitar fatalidades.
Fonte: Diário Digital 01/04
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